Meningite bacteriana em adultos: o que você precisa saber
- Alan Fröhlich
- 18 de jun.
- 3 min de leitura
A meningite é uma inflamação das meninges, as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. Entre as várias causas, a meningite bacteriana é uma das formas mais graves — especialmente em adultos. Apesar de ser uma condição rara, seu potencial de causar complicações severas e até a morte exige atenção redobrada, tanto dos profissionais de saúde quanto da população em geral.

Por que ela é tão perigosa?
A meningite bacteriana evolui rapidamente. Se não for diagnosticada e tratada a tempo, pode levar a sequelas permanentes, como perda auditiva, déficits neurológicos, convulsões, alterações cognitivas e, em casos graves, ao óbito. Mesmo com tratamento adequado, a mortalidade pode chegar a 30% dependendo do tipo de bactéria envolvida.
Além disso, a evolução da doença pode ser silenciosa ou atípica, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Quais são os sintomas?
Os sintomas podem variar, mas os mais comuns incluem:
Febre alta e repentina
Dor de cabeça intensa
Rigidez no pescoço
Confusão mental ou sonolência excessiva
Vômitos
Convulsões ou dificuldade para falar e se movimentar
Sensibilidade à luz ou barulho
Importante: nem todos os sintomas aparecem juntos. De fato, estudos mostram que apenas uma minoria dos pacientes apresenta a clássica tríade de febre, rigidez de nuca e alteração da consciência. Porém, até 95% das pessoas com meningite bacteriana terão pelo menos dois dos seguintes: febre, dor de cabeça, alteração da consciência ou rigidez no pescoço.
Por isso, nunca subestime sintomas neurológicos súbitos, especialmente quando acompanhados de febre.
Quem está em maior risco?
A meningite bacteriana pode afetar qualquer pessoa, mas alguns grupos têm risco aumentado:
Idosos (acima de 50 anos)
Pessoas com diabetes, câncer, insuficiência renal ou doenças do fígado
Pacientes imunossuprimidos (ex: transplantados, em quimioterapia)
Quem teve infecções recentes no ouvido, seios da face ou realizou cirurgia cerebral
Pessoas sem baço (asplênicas)
Como é feito o diagnóstico?
A confirmação se dá por meio da punção lombar, um exame que coleta o líquor (líquido que envolve o cérebro) e permite identificar inflamações e a presença de bactérias. Em alguns casos, a tomografia pode ser feita antes, mas o mais importante é que o tratamento não seja atrasado por causa dos exames.
Outros testes como exames de sangue e técnicas moleculares (PCR) também ajudam a confirmar o diagnóstico e identificar o tipo de bactéria.
Existe tratamento?
Sim, e ele deve ser iniciado imediatamente ao menor sinal de suspeita. O tratamento envolve o uso de antibióticos potentes e, em alguns casos, corticosteroides para reduzir a inflamação. O tempo é um fator crítico: quanto antes o tratamento é iniciado, maior a chance de recuperação sem sequelas.
Além disso, pacientes com formas graves podem necessitar de internação em UTI para monitoramento da pressão no cérebro e suporte intensivo.
Como prevenir?
A principal forma de prevenção é por meio da vacinação, especialmente contra as bactérias mais comuns, como Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis. Essas vacinas fazem parte do calendário vacinal infantil, mas também estão indicadas para adultos em grupos de risco.
Conclusão
Mesmo rara, a meningite bacteriana em adultos é uma condição que não pode passar despercebida. Dor de cabeça forte, febre e confusão mental são sinais de alerta. Diante desses sintomas, procure atendimento médico com urgência.
Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, maior a chance de evitar sequelas e salvar vidas.
📚 Referência científica:
Pajor MJ, Long B, Koyfman A, Liang SY. High Risk and Low Prevalence Diseases: Adult Bacterial Meningitis. American Journal of Emergency Medicine. 2023;65:76–83. doi:10.1016/j.ajem.2022.12.042
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