Amor e Cérebro: o que acontece na nossa mente no Dia dos Namorados?
- Alan Fröhlich
- 12 de jun.
- 2 min de leitura
O Dia dos Namorados é mais do que flores, jantares à luz de velas e declarações apaixonadas. É também um momento em que nosso cérebro entra em ação, desencadeando uma verdadeira tempestade neuroquímica. A ciência moderna tem revelado que o amor — especialmente o apaixonado — envolve áreas cerebrais associadas à recompensa, motivação e prazer. Neste artigo, vamos entender como o cérebro se transforma quando estamos apaixonados.

Amor apaixonado: um sistema de recompensa natural
Estar apaixonado ativa o sistema dopaminérgico do cérebro, o mesmo que responde a recompensas como comida, sexo e até drogas como a cocaína. Estudos de neuroimagem funcional mostram que regiões como a área tegmental ventral (VTA), o núcleo caudado e o putâmen são fortemente ativadas quando olhamos para a pessoa amada .
A dopamina liberada nessa rede gera sensações de prazer, euforia e motivação — sentimentos bem familiares a quem está nos estágios iniciais de um relacionamento. É a neurobiologia conferindo ao amor seu poder arrebatador.
Amor e neuroquímica: além da dopamina
Mas o amor não é só dopamina. A ocitocina e a vasopressina, conhecidas como “hormônios do vínculo”, também desempenham papel essencial. Liberadas em momentos de intimidade — como no toque, no abraço ou durante o orgasmo —, essas substâncias fortalecem o apego entre os parceiros e ajudam a manter os relacionamentos .
Curiosamente, níveis mais baixos de serotonina também foram observados em pessoas recém-apaixonadas, semelhantes aos de pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. Isso pode explicar por que o amor inicial frequentemente domina os pensamentos, gerando aquela “obsessão saudável” pelo outro .
Cérebro apaixonado: julgamento suspenso?
Um aspecto fascinante é que, enquanto regiões ligadas à recompensa são ativadas, outras áreas — como o córtex pré-frontal ventromedial e a amígdala — são desativadas . Essas áreas normalmente nos ajudam a julgar, avaliar riscos e interpretar intenções alheias. Em outras palavras: o amor literalmente “suspende” o senso crítico. Isso pode explicar por que o apaixonado “não vê defeitos” e muitas vezes toma decisões impulsivas.
Amor duradouro e vínculos profundos
Embora as reações iniciais ao amor sejam intensas, com o tempo elas podem evoluir. Estudos com casais em relacionamentos de longa duração mostram que o cérebro continua a ativar áreas ligadas à recompensa, mas agora associadas a vínculos mais profundos e seguros . É o amor que amadurece, sustentado não só pela paixão, mas também por compromisso e apego — uma adaptação evolutiva importante para a manutenção da espécie.
Conclusão
O amor transforma o cérebro — e essa transformação é real, mensurável e incrivelmente complexa. Neste Dia dos Namorados, quando seu coração acelerar e seu pensamento se voltar só para uma pessoa, lembre-se: é o seu cérebro que está completamente envolvido, agindo com uma lógica própria, regida por moléculas, redes e emoções profundas.
Referências:
Shih, H.-C. et al. The Neurobiological Basis of Love: A Meta-Analysis of Human Functional Neuroimaging Studies of Maternal and Passionate Love. Brain Sciences, 2022. https://doi.org/10.3390/brainsci12070830
Zeki, S. The neurobiology of love. FEBS Letters, 2007. https://doi.org/10.1016/j.febslet.2007.03.094
Comments