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🧠 Congelamento da marcha na doença de Parkinson: quando os pés “colam no chão”

  • Foto do escritor: Alan Fröhlich
    Alan Fröhlich
  • 24 de jun.
  • 2 min de leitura
Congelamento da marcha na doença de Parkinson
Congelamento da marcha na doença de Parkinson

Você já viu alguém com doença de Parkinson que, de repente, parece travar no meio do caminho, como se os pés estivessem colados ao chão?


Esse sintoma é chamado de Freezing of Gait (FOG), ou “congelamento da marcha”. Trata-se de uma interrupção súbita e temporária do movimento durante a caminhada, mesmo quando a pessoa quer continuar andando. É como se o cérebro enviasse o comando, mas o corpo não obedecesse.




❓ O que é exatamente o Freezing of Gait?



FOG é um sintoma motor que ocorre principalmente em pessoas com doença de Parkinson em fases mais avançadas, mas também pode ocorrer em outros tipos de parkinsonismo. A pessoa sente como se seus pés estivessem presos ao chão, dificultando iniciar ou continuar a marcha.


Esses episódios costumam durar apenas alguns segundos, mas são suficientes para causar insegurança e aumentar o risco de quedas.




🚨 Quando o congelamento pode acontecer?



O congelamento pode ocorrer em situações comuns do dia a dia, como:


  • Ao iniciar a caminhada (por exemplo, ao levantar de uma cadeira);

  • Ao fazer curvas ou mudar de direção;

  • Ao atravessar portas estreitas ou passagens apertadas;

  • Durante distrações ou conversas (dupla tarefa);

  • Em momentos de ansiedade, pressa ou estresse.





🧠 Qual a causa do congelamento da marcha?



O congelamento é um sintoma complexo que não está ligado apenas à falta de dopamina (neurotransmissor reduzido no Parkinson). Envolve também alterações em outras áreas do cérebro responsáveis pelo controle automático da marcha, pela atenção, percepção do ambiente e pela resposta ao estresse.


Ou seja, o FOG acontece quando o cérebro perde a capacidade de integrar as informações necessárias para manter a fluidez do movimento. Em muitos casos, ele reflete não apenas a progressão da doença, mas também o desgaste de mecanismos de compensação que o corpo vinha usando.




🛠️ Existem tratamentos?



Sim! Embora o congelamento da marcha seja um desafio terapêutico, há múltiplas estratégias que ajudam a reduzir sua frequência e impacto:



✅ Ajustes nos medicamentos dopaminérgicos:



  • Fracionamento de doses de levodopa;

  • Uso de medicamentos complementares;

  • Infusão contínua de levodopa ou apomorfina em casos selecionados (não dsiponíveis no Brasil).




✅ Estimulação cerebral profunda (DBS):



  • Pode ser útil especialmente quando há flutuações motoras associadas.




✅ Fisioterapia especializada:



  • Treinamento com pistas visuais (como linhas no chão);

  • Estímulos auditivos (uso de metrônomos, batidas ou músicas);

  • Treinamento com tarefas duplas;

  • Técnicas para “destravar” o movimento com o uso consciente da atenção.




✅ Estratégias no ambiente:



  • Remover tapetes ou obstáculos em casa;

  • Evitar ambientes apertados;

  • Instalar barras de apoio em locais estratégicos;

  • Usar andadores com laser (em casos mais graves).





🤝 O papel da equipe multidisciplinar



O FOG impacta diretamente a qualidade de vida e a autonomia da pessoa com Parkinson. Por isso, é fundamental que o tratamento seja feito com o acompanhamento de neurologista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e, quando necessário, psicólogo e cuidador familiar.


Cada paciente é único — o plano terapêutico precisa ser individualizado, avaliando o tipo de congelamento, o momento em que ele ocorre, a presença de alterações cognitivas e o ambiente onde vive.




📚 Referência científica:



Tosserams A, Fasano A, Gilat M, et al. Management of freezing of gait — mechanism-based practical recommendations. Nature Reviews Neurology. 2025;21(6):327–344. https://doi.org/10.1038/s41582-025-01079-6

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